2016

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Se voceis pensam que nóis fumos embora...


Nóis enganemos voceis
Fingimos que fumos e vortemos
Ói nóis aqui traveis!

É isso aí! E é com essa referência a esse monstro do samba brasileiro que eu indico que eu estou de volta com meus resuminhos fétidos e pouco engraçados! Sinto que eu voltei graças ao espírito olímpico, o espírito olímpico huehue br. Afinal se tem uma coisa que essas Olimpíadas nos ensinaram é que todas as Olimpíadas devem ser no Brasil. Em que outro lugar do mundo a torcida vai torcer pro juiz numa luta de boxe? Vai ter um tio Thug Life tirando uma selfie depois de um acidente com a tocha olímpica? Vai ter o Eduardo Suplicy tropeçando? O Narrador da piscina mandando o Galvão calar a boca? A torcida gritando olé pras Ilhas Fiji mesmo perdendo de 8x0 da Alemanha? Um torcedor gritando "aqui é bodybuilder, porra!" pra uma halterofilista? Um torcedor brasileiro se fingindo de argentino pra uma TV argentina só pra trollar os caras? Não vai ter mais graça.
Por isso vamos já fazer uma campanha: Londrina 2024. Porque se no Rio já foi assim, imagina no Paraná?
A Pira Olímpica apagou, mas, a Pira Olímpica huehue br continua viva, então, vamos la!

Rápido, façam esse debate antes que eles vejam!


Poxa vida, Band! Fez o primeiro debate dos candidatos à prefeito e não avisou? Os debates foram realizados nessa segunda-feira, dia 22. O problema é que a galera ainda tava no frenesi das Olimpíadas e nem viu o debate. Alias, eu nem me lembro de ter visto uma chamada pro debate aqui em São Paulo, mas, beleza.
Aviso ao leitor que mora fora da cidade de São Paulo: como o autor deste post é um paulistano, playboyzinho, criado à leite com pera e viu apenas o debate de São Paulo/SP, cidade de paulistanos, playboyzinhos, criados à leite com pera, ele vai comentar apenas o debate de São Paulo/SP.
O Debate da Band foi mediado pelo jornalista Boris Casoy e contou com os candidatos Fernando Haddad (PT), Celso Russomano (PRB), Major Olímpio (SD), João Dória (PSDB) e Marta Suplicy (PMDB). O debate contou com duas novidades: no primeiro bloco, foram selecionadas perguntas de leitores do Jornal Metro - SP e no penúltimo bloco, foram selecionados eleitores "aleatórios" para fazer perguntas aos candidatos que responderiam por ordem de sorteio.



O assunto mais martelado no debate foi a saúde, seguido pelo planejamento e pela redução de taxas. A troca de farpas também foi intensa, o maior alvo era o Haddad, não por causa da parceria com o Lula, mas, por causa da falta de planejamento tão tocada durante o debate. Seguem as avaliações individuais:
Fernando Haddad (PT): Se ele fosse um lutador de boxe, a esquiva seria o atributo mais alto dele. fugia de todas as perguntas, inclusive das dos jornalistas. Durante um comentário de uma resposta do Russomano, ao apelar para o bom e velho populismo petista, acabou cometendo uma gafe. Disse que ia abaixar o ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis) e o valor venal dos imóveis apenas na periferia e não nos bairros ricos. Qualquer estudante de economia, contabilidade ou algo do ramo sabe que isso é um tiro no pé, pois as empresas fogem;
Celso Russomano (PRB): O robô do debate, tinha todas as falas na ponta da língua, e, mesmo assim, não bateu nenhum dos adversários no cara-a-cara. Nem parece que aprendeu com os mentores Maluf e Edir Macedo. Apresentou algumas ideias interessantes como a redução gradativa do ISS (Imposto Sobre Serviços), cuja alíquota em São Paulo atualmente é de 5%, enquanto em outras cidades é de 2%. Porém, falou em aumentar o salário dos médicos de uma maneira estrondosa, aí vem a pergunta: como ele vai fazer isso abaixando a arrecadação? Quando a esmola é muita... Sinceramente, ele deu sorte que ninguém perguntou do Uber.
Major Olímpio (SD): Alguns jornais o intitularam como "O franco-atirador do debate", mas, ali tava todo mundo se atirando, jogando granada etc. Eu prefiro intitulá-lo de "O homem do enfrentamento". É sério, a cada 5 palavras, 1 era "enfrentamento". O principal alvo dele era falar da segurança pública, da Cracolândia e dos GCM que ganham pra ficar multando carros, mas, quando faziam perguntas sobre outras coisas pra ele, ele até respondia, mas, daquele jeito. Uma que chamou a atenção foi no final do debate, na parte dos eleitores "aleatórios". O eleitor que fez a pergunta pra ele perguntou sobre o Elevado Costa e Silva (Minhocão), que, dizem as más línguas que corre o risco de ser fechado para a construção de um parque elevado. Resumindo a resposta do Major Olímpio: Eu não posso te prometer nada porque não tem nenhum projeto sobre isso, porque custa dinheiro, e nessa crise que a gente tá tem outras prioridades. Foi a resposta mais pé no chão de todo o debate.
João Dória (PSDB): Ele foi bem um empresário BRASILEIRO do século XXI."Eu vou fazer isso, aquilo, aquilo outro, e mais", mas, em nenhum momento ele deixou especificado os "comos". As perguntas dele foram bem redigidas. Porém, tiveram várias partes do debate em que ele se perdeu, respondendo a dois candidatos na mesma pergunta, respondendo perguntas anteriores... Mas, deixa passar que foi só a estreia dele. 
Marta Suplicy (PMDB): Tentando se desfazer da imagem "O Diabo Veste Prada" para aparecer a imagem "a vovó te escuta". Tentava passar uma imagem de redenção de erros do mandato dela como prefeita, como a "Martaxa", e de aprendizado com acertos com os CEUs, que ela dizia que o Haddad estragou em sua gestão. Mas, uma vez Marta Suplicy, sempre Marta Suplicy. Em uma pergunta sobre planejamento que a Marta fez ao Haddad, Haddad, o mestre das esquivas, fez um monte de enrolação com "nós fizemos x isso, y aquilo". Na réplica, o veneno sai: "Não entendi!" THURN DOWN FOR WHAT?

É pessoal, Nóis tamo ferrado nessas eleições!

O POST TÁ MEIO GRANDE JÁ JÁ EU PONHO A PARTE 2.

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sábado, 20 de agosto de 2016

Deu Brasil!


O Brasil é ouro pela primeira vez no futebol masculino dos Jogos Olímpicos. Nos pênaltis, pois assim quis o destino. Ainda que o Brasil tenha jogado melhor no fim do tempo normal. Ainda que tenha encarado de igual pra igual a Alemanha na prorrogação.

Já bateu na trave três vezes, como bateram na trave três bolas que a Alemanha mandou no Maracanã antes de deixar empatado o placar que Neymar abriu com ótima cobrança de falta. O ouro olímpico era título que o Brasil não tinha. A Libertadores do Corinthians. O Mundial do Palmeiras.

Ouro conquistado com um time montado sete jogos atrás, numa vitória pouco convincente em amistoso contra o Japão. E que demorou pra encontrar um jeito de jogar. Fez partida feia contra África do Sul. Fez partida horrível contra o Iraque. Fez boas partidas contra Dinamarca, Colômbia e... Honduras? Sim, o time com o qual a Argentina empatou em 1x1 antes de ser eliminada.

Pra chegar a uma final contra a Alemanha, o grande algoz do fatídico 7x1. Onde não houve trave, nem Neymar, nem boas partidas. E que, mesmo com time totalmente sub-23, jogou como a Alemanha sempre joga, enquanto o Brasil buscava jogar melhor do tinha jogado em eliminatórias e nas duas edições da Copa América. E conseguiu. Mesmo com o sofrimento pelo qual passou, mesmo com o ouro inédito tendo sido conquistado nos pênaltis.

Uma geração de jogadores que foi capaz de fazer um jogo lá e cá com a base da seleção alemã. E que poderia ser ela mesma a base da seleção brasileira. Levou sete jogos para o time encarar uma Alemanha que trabalha há muito mais tempo. Com tempo, com organização, talvez com Tite, essa seleção pode fazer coisas magníficas.

A semente da qual pode germinar um futebol bem sucedido foi plantada neste 20 de agosto de 2016. Agora é esperar que o trabalho iniciado hoje evolua e resulte, senão em hexa, ao menos em um desempenho mais honrado do que a seleção do 7x1. A bola está com Adenor.

***

A Olimpíada acaba amanhã, com sua dívida bilionária pressionando os cofres públicos de um país em crise. Esportivamente falando, temos muito o que comemorar: além do ouro inédito do futebol, tivemos recorde de medalhas e desempenhos memoráveis de Rafaela Silva, Thiago Braz, Diego Hypólito, Maicon Siqueira, Robson Conceição,... Só achei uma pena a derrota da seleção feminina. Talvez as meninas precisem de uma técnica estrangeira...

Temos garantida mais uma medalha, do vôlei masculino. Mostrando que a força do vôlei brasileiro ainda não se perdeu por completo. Também teremos três brasileiros na maratona (se ganharmos medalha, vai ser zebra).

Na próxima semana, as atenções começam a se voltar às eleições municipais, onde a alegria da torcida vai progressivamente virar tristeza com o baixo nível da política brasileira. Teremos pelo menos o resto do fim de semana pra festejar. E comemorar uma vitória no esporte não é necessariamente se alienar, ao contrário do que vem dizendo o Facebook, então aproveitem.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

A responsabilidade de um formador de opinião


Eu já estava com esse título na minha cabeça há tempos, mas, um evento nessa semana foi a motivação perfeita para que eu consiga colocar isso no papel. Já deixo claro que este post não vai se tratar de futebol (já que o evento coincidentemente foi protagonizado por um jornalista esportivo), vai se tratar de como algumas pessoas que trabalham na mídia, jornalistas ou não, usam de seu poder para transmitir suas ideias ou seus achismos.
O evento se passou no programa Fox Sports Radio dessa segunda, dia 01/08.O jornalista e comentarista esportivo, Fábio Sormani, disse no programa, quase aos berros, que o Corinthians assumiu a liderança do Brasileiro devido a um "plano orquestrado pela CBF" resultado da não convocação de nenhum jogador do Corinthians para a seleção olímpica enquanto Palmeiras, Santos e Grêmio, times que disputam a liderança, possuem ao menos dois.Após mais e mais acusações sem provas, pôs em dúvida também o Título da Libertadores de 2012 pelo mesmo motivo.
Fábio Sormani - Fox Sports
A reação da torcida corinthiana foi automática e a hashtag #ForaSormani foi trending topic no Twitter, ficando à frente até do filme Esquadrão Suicida, que estreia na mesma semana e que também é tópico de muitas conversas. A torcida fez tanto barulho nas redes sociais, que, no programa Boa Tarde Fox (eu acho) do mesmo dia, ele se apresenta pedindo desculpas ao Corinthians sobre as coisas que ele disse. Segundo ele, "era provocar o Mano (Mauricio Borges), torcedor do Corinthians, pra gente esquentar o debate, característica do nosso programa".

A história já está mais do que bem contada, mas, o que significa? Que o Corinthians é vítima da mídia? Não (mas, acho que alguns que estão lendo devem ter pensado isso)! Esse texto é para chamar a atenção de alguns abusos dos chamados "formadores de opinião" espalhados pela TV, rádio, mídia impressa, internet e política. Essas pessoas precisam saber que têm a responsabilidade de saber o que está falando. E quando eu digo "saber o que está falando", eu quero dizer que elas devem ter conhecimento sobre o assunto, antecipar possíveis reações do público e do resto da mídia e se responsabilizar caso falar alguma besteira.
No caso do nosso amigo Sormani, ele não antecipou as reações do público. Se fosse uma brincadeira, ele deveria ter deixado claro isso ao menos pelo tom da voz que ele falava. Já que pessoas acreditam que o Corinthians possui sim esquema com a CBF (embora não exista nenhuma prova disso) e a torcida do Corinthians o via com maus olhos há muito tempo.
Mas, o Sormani não é o único. Existem outros que falam coisas sem pensar. Quem lembra do "comeria ela e o bebê" do Rafinha bastos que acabou com a sua carreira na comédia? E quando ele disse ao político Jair Bolsonaro para defender seu ponto de vista a favor da liberação da maconha: "Fumei maconha a minha vida inteira e nunca me viciei em outra droga"? Ele teve de se retratar mais uma vez. Agora ele está escondido no Multishow fazendo programas sem graça.
Rafinha Bastos - A uma frase do fim de sua carreira
Outra coisa comum é quando a pessoa passa uma informação sem ter muito ou sequer algum conhecimento do que está falando. Costumam palpitar em economia e, principalmente, política. Os youtubers são especialistas nesse tipo de coisa, alguns deles falam até de religião baseando-se apenas em suas crenças e seus ódios. Mas, na TV também existe gente assim.
Um exemplo é o programa Mulheres, da TV Gazeta. Quando acontece a roda de fofocas (agora chamada de "notícias dos famosos" ou "notícias da TV"), a conversa dos três vai viajando até chegar em assuntos que os três não entendem, como administração de canais de TV. Quando apareceu uma suposta notícia onde Sílvio Santos (SBT), Edir Macedo (Record) e Amilcare Dallevo Jr. (RedeTV)  se juntariam para fazer uma operadora de TV por assinatura para concorrer com a Globosat, o comentarista de TV do programa, Gabriel Perline, falou algumas desinformações com relação à gestão e à distribuição de dinheiro para operadoras de TV por assinatura.
Segundo ele, os preços das assinaturas ficariam mais caros pois os faturamentos resultariam apenas do dinheiro das assinaturas. Primeiro, ele ignorou completamente o faturamento pelo patrocínio e pelo aluguel de tempo em alguns canais. Segundo, o valor distribuído das assinaturas foi superestimado por ele. Terceiro, ele disse que quem decide o valor a ser distribuído é a operadora, unilateralmente. 
Gabriel Perline, à esq.
Se ponha no lugar de uma dona de casa sem conhecimento do ramo vendo o programa. Qual seria a sua reação com relação a esse suposto empreendimento? Isso deveria ser previsto, não?

Então, sejamos mimizentos? Não! Eu só sugiro que não caiamos na primeira conversinha.

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domingo, 10 de julho de 2016

'Portugal vai ganhar'


Nos momentos difíceis, os heróis e seus atos heroicos (ou supostamente heroicos) são lembrados para que possam servir de inspiração. Que o digam os franceses, que resistiram à pressão inglesa na Guerra dos Cem Anos em parte por inspiração do suposto heroísmo de Joana D'Arc. Incentivados pelo martírio de Joana em 1431, os franceses bateram os ingleses em Formingny (1450). Três anos depois, capturaram a cidade Bordeaux, último reduto inglês, na batalha de Castillon, que encerrou a guerra.

Que o digam também os portugueses, que bateram os franceses neste domingo na final da Eurocopa.

Aos 8 minutos do primeiro tempo, Cristiano Ronaldo levou entrada dura de Payet. Jogo parado, o português sentia fortes dores no joelho esquerdo. Foi atendido pelos médicos fora do gramado e voltou mesmo assim. Provavelmente era só um susto.

Ou não? Ronaldo parecia mancar em campo e não conseguia correr. A todo instante colocava a mão no joelho, claro sinal de dor.

Aos 18 minutos, 10 minutos depois da primeira lesão, caiu de novo no chão. Teve o joelho imobilizado pelos médicos. Tentaram de tudo, mas parece não ter adiantado. Era o momento pra sair do campo de vez.

Não! Cristiano Ronaldo voltou ao campo pela segunda vez. Ficou até os 23 minutos, quando se atirou no chão. A Eurocopa acabou pra ele. Ele chorou. Houve quem acusasse frescura.

Quando ele voltou a campo pela segunda vez, pensei com meus botões: "Portugal vai ganhar". Não externei o pensamento nem no Twitter - sádico, torci por pênaltis desde o começo do jogo. Mas era claro para mim que aquele momento seria decisivo para Portugal.

Quaresma entrou no lugar de Cristiano. A comoção tomou conta da torcida dentro e fora do Stade de France - até a seleção da Islândia mostrou compaixão pelo craque português. Ao sair de campo, Cristiano Ronaldo foi aplaudidíssimo pelos portugueses em Saint-Denis. Como se fosse o herói do jogo. E ele foi mesmo do lado de fora do campo.

Não estava na cabeça dos jogadores portugueses naquele momento, mas aposto que a disposição de Ronaldo na final foi uma inspiração para eles. Não apenas pelo "jogar por ele", que geralmente contamina equipes de futebol que passam por isso, mas pelo que significa o jogador que se põe à disposição da equipe mesmo que aparentemente não tenha condições de jogo.

A mensagem é clara: ele se esforçou pelo time, vamos nos esforçar também.

Cristiano ficou no banco o resto do jogo. Incentivou o time como pode. Éder, autor do gol português já no segundo tempo da prorrogação, contou que Cristiano lhe disse que faria o gol da vitória. Há quem suponha que ele não disse isso apenas para Éder, mas dá pra culpá-lo por tentar incentivar o time?

No final da vitória por 1x0, foi ele, Cristiano Ronaldo, quem levantou, com sorriso de orelha a orelha, o título da Eurocopa. Título vencido numa final contra os donos da casa que, em três oportunidades, poderiam ter mudado a história. A bola, no entanto, premiou o empenho português, time superior na partida e campeão com méritos a despeito de ter vencido apenas uma partida no tempo regulamentar em todo o campeonato - contra Gales, na semifinal.

O empenho que começou a se encontrar ali aos 8 minutos do primeiro tempo, quando Payet tentou apagar Cristiano Ronaldo do jogo, mas deu de presente aos portugueses o herói do jogo. O herói que o foi sem ter jogado mais do que 23 minutos, mas servindo de inspiração para os portugueses que hoje comemoram o título inédito.

Inspiração... Quem sabe não é isso que o Brasil precisa agora?

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Entre o racional e o irracional


Nós, torcedores de futebol, somos extremamente irracionais. Primeiro porque nós gostamos de ganhar mais do que nós gostamos do futebol como esporte. Acho que falei sobre isso, de forma crítica, aqui neste blog. Mas eu esqueço de dizer que eu também fico irritado quando o Corinthians perde, ou quando a seleção, essa máquina de fazer dinheiro aos cartolas da CBF, sofre uma das constantes humilhações pós-7x1.

Depois porque, já que gostamos tanto de ganhar, somos extremamente impacientes quando nosso time vai mal. E foi por isso que meu irmão pediu tanto #ForaTite no Corinthians nessa semana em que o time perdeu do Palmeiras. Eu fiquei realmente irritado. Mas como é teimoso esse Tite que não mexe no time e ainda me põe o André Balada no ataque! É aquela forma antiquada de pensar o futebol que eu também já combati aqui neste blog. Eu também pensei várias vezes dessa forma, pensei dessa forma na vitória do Palmeiras domingo. Sem saber que ia demorar tão pouco para ficarmos sem Tite no Corinthians.

Mas torcedores de futebol são assim mesmo, irracionais, contraditórios. Como os jornalistas que apostavam no fiasco do São Paulo em janeiro e agora o veem como favorito a ganhar a Libertadores. Pela ótica da razão, os trabalhos de Tite no Corinthians são excepcionais, especialmente depois de 2011: 2 brasileiros, uma libertadores, um mundial (é sacanagem dizer, mas Tite tem mais mundiais que o Palmeiras).

Ainda assim, derrotas fazem com que um trabalho pareça terrível. E fazem com que um treinador pareça ruim. Houve uma época em que o Corinthians demitia treinador no primeiro sinal de crise. E a torcida muitas vezes aplaudia. Foi nessa época que o Corinthians caiu pra Série B.

Em 2010, Mano Menezes era o grande herói corintiano e Dunga (olha aí) o grande vilão. Quando o segundo saiu da seleção, o primeiro saiu do Corinthians. Após um período sob o comando de Adilson Batista, o Corinthians foi atrás de Tite. Era ele quem estava lá quando o Corinthians saiu na Pré-Libertadores contra o Tolima.

Naquele momento, eu também fui #ForaTite.

Mas aquele momento definiu a vida do time que seria campeão do Brasil, da América, do Mundo.

Sempre que eu me lembro daquele momento, eu imagino que talvez Tite estivesse preparando a virada para o Corinthians. Não seria a primeira vez, nem seria a última. O encontro da racionalidade de lembrar do ótimo trabalho de Tite com a irracionalidade de achar que, estando ele ali, o trabalho pode se repetir.

Se eu estava certo ou não, jamais saberemos.

Nesse meio tempo, Tite e Corinthians quase que se tornaram um só. Nenhum técnico corintiano teve, na última década - na história, talvez apenas Osvaldo Brandão tenha tido mais - afinidade com a torcida, com quem ele assistiu, entre o técnico racional e o torcedor irracional que nele convivem, a vitória do Corinthians sobre o Vasco nas quartas de final da Libertadores em 2012 (Mauro Beting considera esse o momento mais corintiano de Tite e o mais decisivo do Corinthians naquele torneio).

Não é de se surpreender que Tite tenha recebido da torcida corintiana um carinho tão grande. E não é à toa que a torcida se despede de forma tão calorosa agora que ele deixa o clube não por maus resultados, mas para comandar a seleção brasileira. É mais um louco do bando, que pela segunda vez vai sair literalmente para o mundo, só que dessa vez representando uma seleção que joga mal e tem cada vez menos representatividade numa torcida que, irracional, está de saco cheio de humilhações.

Vai apanhar da mídia, vai ser cobrado, vai ser esquecido por tudo que fez pelo Corinthians e dificilmente vai ganhar o hexa - ao menos em 2018. Ainda assim, olho pelo racional e penso que fará um excelente trabalho, dentro das possibilidades dadas por uma CBF incompetente presidida por um sujeito que não sai do Brasil pra não ser preso.

Mas eu gostaria de, meio racional e meio irracional, me juntar ao coro dos corintianos que hoje se juntaram pra dizer #ObrigadoTite. Pelos títulos, pelo ótimo trabalho, por ser o melhor treinador do Brasil aqui no Corinthians. E pela esperança que tenho ao lembrar da derrota para o Tolima seguida um ano depois pelo título inédito da Libertadores. Esperança que me acompanha agora que o desafio é na seleção apática pós-Dunga. E da qual eu gostaria que compartilhassem todos os corintianos, palmeirenses, são-paulinos, santistas, flamenguistas, tricolores, botafoguenses, vascaínos, atleticanos, cruzeirenses, gremistas e colorados neste momento difícil para o nosso futebol.

Porque como mais um louco do bando, aprendi que na hora H não há nada mais racional do que ser irracional e dizer, quando ninguém mais acredita: eu nunca vou te abandonar.

sábado, 16 de abril de 2016

O benefício da dúvida


"Se você não está em dúvida, é porque foi mal informado". Desconheço a autoria da frase. Ela aparece no meio do filme "O Mercado de Notícias", de Jorge Furtado. Escrita de outra forma, talvez. É que minha memória está muito confusa...

Na intervenção que a Mídia Ninja (a Globo usa O Antagonista como fonte, eu uso o que quiser também) fez na velha MTV, exibida na tarde de seu último dia de transmissões, Cláudio Prado foi ainda além:

"Os moleques dizem assim: 'ah, tô na dúvida'. Graças a Deus! Se você tivesse certeza, cê tava fodido num momento que nem esse! (...) Nesse momento, o caos passa a ser uma coisa extremamente interessante e positiva".



Eu estou na dúvida há muito tempo. Não desde a eleição, nem desde o primeiro protesto a favor da saída de Dilma Rousseff, realizado no dia 15 de março do ano que passou. Eu estou em dúvida desde o dia em que percebi que, no programa de auditório que se tornou a política brasileira, todos os lados, inclusive aqueles que pareciam mais ponderados, só fazem repetir slogans. E certezas absolutas, incontestáveis, que regem esses mesmos slogans.

O governo mais corrupto da história, não vai ter golpe, é preciso investigar os dois lados, Dilma foi um desastre mas impeachment não é legítimo, sou contra PT e PSDB e quero uma alternativa política, sou contra o capitalismo e quero a revolução. Todos os textos que analisam a crise política partem de uma dessas premissas. Sem exceções. Até artigos acadêmicos, canais de YouTube e trenzinhos de meme estão fechados no meio da polarização.

E ela não é só PT e PSDB. É PT, PSDB, omissão, Psol, stalinismo, Luciana Genro, Bolsonaro... Fora de PT e PSDB há muitos caminhos, mas a boa parte deles dá em lugares escuros.

Falta debate. E sobra certeza. Só eu ainda tenho dúvidas. Estou bem informado demais? Ou eles estão bem informados, com as fontes certas, enquanto eu me alieno?

São 2h21 do dia 17 de abril no momento em que escrevo este trecho. Falta muito pouco para a Câmara decidir se encaminha ou não o pedido de impeachment de Dilma para o Senado. Os dois lados dizem ter os votos necessários para atingir seus objetivos. Como no clássico musical entre Polytheama, de Chico Buarque, e Namorados da Noite, de Toquinho, os dois times reivindicam a superioridade.

Enquanto pixulecos são levados ao plenário, amadores em geral seguem a discutir o que ocorre no país. Nas redes sociais ou nos táxis e bares da vida. De novo, não vejo dúvidas. Só certezas. Afinal, estamos a repetir 1992 ou 1964? Ao escolher uma das respostas, é proibido manifestar dúvida.

Mas porque o PT pediu impeachment de FHC? Naquele caso havia crime? Ou era outro PT?

Porque o PSDB, que acusou o PT de fascista por causa do comercial (acho que de 2001) em que os ratos roíam a bandeira nacional, usa expediente semelhante em seu marketing político agora que é oposição? Naquele caso sobrava honestidade? Ou era outro PSDB?

O impeachment vai moralizar o país? A Lava Jato vai parar se e quando Michel Temer assumir? Políticos que hoje negociam favores com o governo e com empresas vão deixar de fazê-lo se o presidente não militar no PT?

Dilma cometeu crime ou usou expediente válido? O dinheiro foi pra corrupção ou pra programas sociais? Porque os dois lados alegam, respectivamente, as duas coisas? Quem tem razão?

E afinal, o impeachment que entra em votação hoje tem a ver com um crime de responsabilidade ou é uma moção de censura que serve mais a um sistema parlamentarista? Parlamentarismo é solução para o Brasil? Quem seria o primeiro-ministro? Quais seriam os resultados de um parlamentarismo sob influência do PMDB?

Posso ser contra o impeachment e contra o governo? Pode um eleitor do Aécio ser contra o impeachment? Pode o contrário?

O Gregório Duvivier pode ser contra o impeachment? O Antônio Tabet pode ser a favor? Os dois podem explicitar suas posições sem acusações de se venderem para Lei Rouanet e Luciano Huck? Você sabe como funciona a Lei Rouanet?

Posso ficar em casa domingo? O Silvio Santos pode não passar a votação ao vivo e ser uma opção para este hipotético eu?

Quem vai pra rua contra o impeachment não necessariamente defende o governo? O que o Lula faz nesses protestos então? E por que ele é recebido nesses protestos como uma estrela de Hollywood?

Esses protestos são convocados pela CUT petista? Então a FIESP tucana convoca os protestos contra o governo? O que significa o pato da FIESP? Indignação com a corrupção ou com o aumento de impostos para os ricos?

Posso não ir pra nenhum desses protestos e concordar com algumas coisas de um, de outro ou dos dois? Posso não ir pra rua mesmo concordando integralmente com um ou outro?

Desculpe se me alonguei nesses questionamentos. São 2h44 e eu tenho que dormir (não sem antes ouvir uma infinidade de músicas e ver alguns vídeos no celular). Mas se a ausência de dúvida é sinal de boa informação, então eu estou bem informado demais. Ou a frase não é verdadeira? Olha aí, mais uma dúvida.

Que neste domingo a dúvida atormente a todos vocês.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Por que a NFL não é isso tudo que você está pensando


Não se preocupem que eu não tenho nada contra modinhas - o autor destas linhas gosta da Taylor Swift -, mas será que eu deveria seguir o conselho de gostar do que as outras pessoas gostam?

Alexandre Cossenza, no Esporte Final, disse isso claramente em seu post com motivos pelos quais o futebol americano cresce no Brasil:

"E se depois de ler isso tudo você, leitor, ainda acha que futebol americano é modinha ou coisa de “paga-pau de gringo”, o melhor a fazer é sair das redes sociais nas noites de quinta, domingo e segunda quando a próxima temporada começar. Mas quem sabe não chegou a hora de tentar ver umas partidas, escolher um time e ser feliz junto com essa turma de fanáticos que não para de crescer?"

Eu acho o futebol americano chato. Já tentei assistir ano passado, quando fui levado pela Katy Perry a ver o que ela preparava para o intervalo do Super Bowl. É difícil de entender, para toda hora, é cheio de intervalos e nem questiono aqui a duração de um jogo, pois as prorrogações podem fazer o outro futebol, o inglês, demorar três horas também, mas que é frustrante ver aquilo por tanto tempo... Pra mim é.

Então não, eu não entendo o que as pessoas enxergam nesse esporte. Ou melhor, tenho medo de entender. Mas se você acha que o futebol americano é melhor que o outro, o inglês, e que eu deveria ficar quieto sobre o assunto, então vou fazer como no post do Cossenza e explicar as razões pelas quais esse esporte não é o que você está pensando:

Não é tão bonito quanto você acha
No dia do Super Bowl, a Newsweek publicou em seu site um artigo intitulado "Você está 100% errado a respeito do futebol [americano]". Ali, Elijah Wolfson explica mais ou menos o que é o futebol americano:

"O futebol americano é uma mistura exagerada de regras, rituais e racionalizações para conter muito mal o caos. (...) Não tem regras de verdade: há um majoritariamente ambíguo conjunto de diretrizes aberto às interpretações volúveis de alguns homens de meia-idade. (...) Já comecei a mudar para esportes que não são exercícios intermináveis em um capricho melancólico".

Outros esportes, menos caóticos, pegam mais facilmente fora dos Estados Unidos - e até nos territórios do próprio, como o basquete da NBA, que já é um dos esportes mais populares do grande país do norte.

Não é tão surpreendente quanto você acha
O Denver Broncos de Peyton Manning foi o grande vencedor do Super Bowl 50, a final de jogo único da NFL. Mesmo sem gostar e acompanhar o esporte, o autor destas linhas ouviu tanto o nome do quarterback (sério, o futebol americano tem muitos adeptos no Brasil mas não traduziu o nome das posições?) que previu que isso iria acontecer.

Ainda que o outro futebol tenha seus MSN e BBC, ele nos surpreende muito mais facilmente e é menos premeditado (Chile campeão da Copa América contra a Argentina de Messi, após o 6x1 aplicado no Paraguai?).

É feito pra TV
Elogiar as transmissões da ESPN como ponto alto do esporte é totalmente válido - afinal, o interesse pelo esporte diminui muito quando se desliga a TV.

O Brasil teve um crescimento estrondoso na prática do futebol americano desde que criou seu primeiro campeonato oficial, em 2009. Mas mesmo com esse súbito interesse, o número de equipes que praticam futebol americano no Brasil está em proporção menor que o da Espanha (4x mais população, 3x mais equipes), onde a NFL repercute menos. Em 2015, a seleção brasileira precisou fazer vaquinha pra financiar uma viagem ao Panamá.

E cá entre nós, nos EUA é comum, mas quantos brasileiros jogam futebol americano de forma recreativa? Há mais jogadores de sinuca. Com o basquete foi diferente: muita gente que assistia arriscava uns arremessos de vez em quando. Foi assim comigo, nos tempos em que eu era fã do esporte.

Fora da TV, o futebol americano perde muita importância. O desfecho disso tudo pode ser o mesmo do UFC.

Cresceu no Brasil, só no Brasil
O futebol americano só faz crescer no Brasil. Ponto pro ótimo marketing feito pela ESPN ao longo dos anos em que perdeu eventos importantes para SporTV e Fox no outro futebol. Fora do Brasil, essas coisas não estão colando tanto.

Das versões latino-americanas da ESPN, apenas duas, a brasileira e a pan-regional, dão destaque à NFL em seus sites. Na Argentina é futebol do começo ao fim. Na Venezuela, algum destaque a algumas ligas americanas, mas não à NFL. No Chile é futebol do começo ao fim.

O interesse só cresce quando chega o Super Bowl - foi só aí que o espanhol El Pais arriscou fazer alguma cobertura do esporte.

Nos EUA, a terra em que esse esporte dá mais audiência, a NFL perde influência entre os Millenials: o interesse dos adolescentes americanos na NFL caiu de 26% para 19% nas últimas duas décadas. 61% deles identifica a liga como uma instituição "desprezível" (tipo a CBF?). Muitos Millenials preferem os outros esportes americanos (basquete, beisebol, hóquei no gelo e Stock Car) à NFL.

O futebol continua a ser o futebol
Muita gente achou que o São Paulo ia ao menos empatar o jogo de domingo, com um Corinthians "retrancado" tomando pressão do esquema que Bauza fez pra jogar o Tricolor pra cima do Timão no segundo tempo. Mais eis que o Corinthians ganha um escanteio. Bola cruzada na área (morte ao escanteio curto!), a zaga tira, mas Yago joga de cabeça num canto que nem dois Denis conseguiriam defender.

O futebol dos times milionários, dos cartolas corruptos, da TV que escolhe horários de jogos, da temporada longa em pontos corridos, continua a ser o futebol, reconhecidamente o mais bonito dos esportes. Pode ser que Brady ou Manning sejam Messis da NFL, mas onde você vai achar, nas divisões inferiores do futebol americano, um lance igual ao gol do Wendell Lira que levou o Puskas?

O futebol existe porque é o futebol, porque as forças do mal que se movem à sua sombra não conseguem destruí-lo. Quem acha que o futebol "inglês" é mais chato que o futebol americano, faz aquilo que acusa de fazerem os que não gostam do futebol americano: nunca viu e não entende.



E se o outro futebol tivesse o mesmo marketing e tino comercial do futebol americano? Ele seria ainda melhor para as TVs e marcas, mas foi sem nada disso que ele se tornou o esporte mais popular do planeta. É o mais popular apenas porque melhor.

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- Bah! Isso que você tá falando é opinião pessoal. Você não gosta, mas tem um monte de gente que gosta.

Ótimo! Então tudo bem eu não gostar de futebol americano e usar o Twitter em quintas, domingos e segundas à noite nem que seja só pra falar de seriados pra ninguém me ver? Porque eu posso não gostar de NFL e gostar de redes sociais. Ou não gostar do jogo, mas querer ver o show do intervalo de vez em quando. E eu posso dizer, em alto e bom som, sem ofensa pra você que gosta: não sei o que você viu nesse jogo. E você pode me zoar por isso, ou não. Mas com "essa turma de fanáticos", eu jamais seria feliz.

Boas férias de NFL pra você, que seu time mande bem na próxima temporada. Me voy porque hoje tem Corinthians.