outubro 2014

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Eu não me importaria de trabalhar com um Xico Sá


Aos queridos colaboradores deste blog, deixo avisado que caso algum de vocês queira usar este espaço para declarar voto em algum candidato, pode fazê-lo contanto que não se ofenda pessoalmente ao candidato adversário, prática comum nas redes sociais tomadas pela agitação política e pelo ódio.

Eu inclusive abro aqui o meu: no segundo turno voto Dilma Rousseff. Não é a pessoa ideal para fazer a transformação que este país precisa, mas é a única que pode atender às pautas de direitos humanos e modelo de desenvolvimento que serão determinantes para construir um país mais desenvolvido e socialmente justo.

Se você é PTfóbico como boa parte da Internet, seria bom se ao menos você parasse de se passar por um "imparcial" que vota nulo torcendo pro Aécio ganhar. Ou, como disse o Pedro Alexandre Sanches no Farofafá, "seria necessário e saudável que VOCÊ soubesse que está votando na Sua Fobia em Pessoa, e parasse de se fazer de vítima, de falso moralista, de indignada de fachada com corruptos selecionados, de gente inofensiva que não faz mal a ninguém e não tem nada a ver com tudo isto que está aí".

Opinião exposta sem meios termos não faz mal a ninguém. Pelo contrário, contribui com o debate democrático e fortalece a liberdade de expressão. Os americanos sabem e lá o New York Times pode apoiar os candidatos do Partido Democrata, como Barack Obama em 2008 e 2012. O portal Brasil Post manteve a neutralidade, mas fez uma eleição interna pra saber em quem seus jornalistas votam. Resultados aqui.

Ainda assim, o público parece não ter entendido que todos, inclusive os jornalistas, têm lado e preferências políticas. É o conto do vigário da "imparcialidade", prometida pela Folha de S.Paulo com a insistência de quem tenta mais se convencer de algo do que convencer a outra pessoa e copiada por quase todos os veículos secretamente chapa-branca da mídia brasileira, impressa e digital.

Recentemente, Xico Sá saiu da Folha após o jornal se negar a publicar texto em que dizia votar em Dilma. O editor executivo Sérgio Dávila disse em nota que o jornal não aceita "proselitismo político" em suas colunas. E seria proselitismo o que faz a imprensa nos EUA e na Europa? Só lembrando que um colunista do jornal que atende pela alcunha de Tio Rei não só apoia Aécio como faz questão de explicitar seu radicalismo PTfóbico em suas colunas. Vai ser demitido também? Se a Folha não quer conviver com opiniões contrárias, podia ao menos seguir o exemplo do NY Times...

Não podia, porque o público foi anestesiado com a ideia de imparcialidade. Acredita-se que, livre da parcialidade, a notícia chega limpa. Mas a realidade é que a imparcialidade não existe e quem se diz imparcial é, na verdade, um partidário enrustido muito mais perigoso do que aquele que expõe claramente suas preferências. Porque o que se diz imparcial o faz unicamente para trazer credibilidade à sua militância secreta. Já o que assume suas preferências é mais capaz de estimular o debate de ideias, algo que falta neste país.

Por tudo isso não me importaria de trabalhar com um Xico Sá, da mesma forma que não me importo de estar em um blog juntamente com dois eleitores de Aécio Neves. Porque se não fosse para fazer um debate honesto de ideias, eu teria feito um blog sozinho.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Um debate do Twitter


Já não consigo assistir a grandes eventos televisivos sem conferir ao menos uma vez as redes sociais, em especial o Twitter. Foi assim na Copa do Mundo, foi assim em premiações e tem sido assim nos debates entre os candidatos à Presidência da República.

Escrevo no momento em que se encerra o debate final antes do primeiro turno. Não vou me demorar muito nos comentário. O último confronto direto entre os candidatos foi baixo como se esperava. Com direito com dedo na cara, Entre os grandes, Aécio Neves foi o que mais se destacou. Dilma estava presa demais, Marina estava confusa, nem parece a segunda eleição que disputa. Dos nanicos, Eduardo Jorge teve os melhores momentos. Luciana Genro foi a que mais atacou, mas não foi além do que fez nos outros debates. Pastor Everaldo segue linha auxiliar de Aécio, Levy Fidelix continua sendo uma figura caricata. Fora isso, a dinâmica do debate ajudou a esquentar o clima ao colocar os candidatos frente a frente.

O que mais chamou a atenção foi a proliferação de memes, especialmente via Twitter. O momento em que Pastor veraldo pergunta a Aécio sobre o PAC rendeu mais um "eu me perdi aqui, desculpa", o momento "dedo na cara" entre Luciana e Aécio rendeu todo tipo de piada, até um "eu não sou tuas nega". Teve Eduardo Jorge "dançando" "Thriller", Dilma com cara de "cê jura?", e uma infinidade de temas para Bonner sortear, de "vodka ou água de coco" a "Windows ou Mac?". Até "Friends" apareceu no Twitter.

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Tem gente que reclama que isso faz mal, desvia o debate de temas importantes. No caso do debate da Globo, deixou a intensa troca de farpas mais digesta. Proporcionou bons momentos de riso e conseguiu explicitar a importância do evento, sempre desprezado pelas emissoras brasileiras pela sua baixa audiência.

Não adiante insistir: a linguagem que faz sucesso na Internet é o humor. A eleição está envolvida em memes desde o começo do ano e o debate da Globo as produziu aos montes. Apesar de tudo, é uma forma eficiente de se comunicar com eleitores, muito mais eficiente, diga-se, do que discursos manjados, programas eleitorais hollywoodianos e ataques intensos em debates. O humor chega com facilidade no jovem, que é o grande motor da política brasileira desde os protestos de junho de 2013. E chama a atenção o fato de que a maioria é produzida espontaneamente na rede e compartilhada aos montes sem o excessivo cálculo político e midiático dos "especialistas" dos partidos e da mídia.

A campanha do Obama se fez com memes, o debate político está cada vez mais cheio de memes. Agora, o Twitter se sai o grande vencedor do último debate entre os candidatos à Presidência da República.