julho 2014

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Escola musical #2 - We are ever, ever, ever getting back to bubblegum



Quando do lançamento de seu álbum "Red", a cantora americana Taylor Swift resolveu sair da mesmice que estava tomando conta de sua música e radicalizou. Seu primeiro álbum, homônimo, era totalmente country. Seguiram-se dois álbuns em que Taylor caprichou nas referências ao pop (country-pop), o que a fez sair das limitações nacionais e chegar ao estrelato mundial. Contudo, em "Red", Taylor decidiu experimentar um estilo novo. Faixas como "We Are Never Ever Getting Back Together" e "22" saíram totalmente do country e assumiram uma personalidade mais pop.



Talvez ela não faça ideia, mas sua guinada ao pop repetiu um fenômeno que começou em meados dos anos 60, assumiu formas revolucionárias nos anos 80 e chegou aos dias de hoje como principal fenômeno musical das adolescentes de classe média: Taylor se tornou uma artista de bubblegum pop!

O bubblegum pop é um estilo que tem tido uma de suas maiores altas. Além de Taylor, artistas como Demi Lovato, Carly Rae Jepsen, Katy Perry e One Direction têm dado ao estilo um status de coisa moderna. O bubblegum pop, contudo, é tão velho quanto o The Who! E na aula de hoje vamos conhecer mais a fundo essa longa história.

Mas que raios é bubblegum pop, professor?

Definir o bubblegum pop é algo bem difícil. Ao pé da letra significa "pop chiclete", mas isso não é suficiente para definir o estilo. Uma definição tida como padrão é que o bubblegum é um estilo de música pop que soa grudento. Dentro dessa definição, podemos classificar o Psy como bubblegum.



Mas se essa definição está errada, qual é a verdadeira definição de bubblegum pop? Para entender melhor o que é o bubblegum, vamos voltar ao longínquo ano de 1967, em que o estilo começou a aparecer como possibilidade real.

É como chiclete!
Surgido em meados dos anos 60, o bubblegum pop, também conhecido como bubblegum rock (isso mesmo, rock), surgiu com influencias que vão do rock dos Beatles até cantigas de roda! Um grupo muito influenciado pelo bubblegum foi ninguém menos que o Jackson 5. O grupo jogava referências do bubblegum em músicas cheias de soul.



Os produtores Jerry Kasenetz e Jeff Katz são apontados como os criadores desse gênero. Foram eles que identificaram o publico-alvo do estilo, composto por adolescentes, pré-adolescentes e "crianças jovens". A um certo momento, um deles disse: - Ah, isso é como música chiclete! (Ah, this is like bubblegum music) E assim foi.



Kassenetz e Katz produziram artistas como Shadows of Knight e The Music Explosion.





Repararam em algumas semelhanças com o The Who? Pois é, o power pop, estilo que a banda fazia, influenciou e foi influenciado pelo bubblegum.

Com base em tudo que aprendemos até agora, podemos fazer uma definição assim:

bubblegum pop (s.m.): estilo de musica pop com melodias simples e voltado a um público extremamente jovem.

É uma definição bastante básica, mas é a mais correta possível. O bubblegum é um estilo com o qual pré-adolescentes sempre se identificaram. E a TV sempre soube tirar um casquinha dessa relação.

Made for TV
Os artistas produzidos por Kassenetz e Katz formaram uma grande máquina de produção de bubblegum. A Buddah Records, ligada à MGM, foi a gravadora que mais produziu discos para os artistas dos dois. Entre eles o Ohio Express, cujo single "Yummy Yummy Yummy" vendeu mais de um milhão de cópias.



As bandas tinham em comum um apelo muito grande entre o público mais jovem. As músicas eram simples e grudavam nas cabeças de quem as ouvia. Não paravam de surgir bandas novas como Tommy James & The Shondells, Crazy Elephant e 1910 Fruitgum Company.







Mas não demorou muito até que a TV, sempre ela, fosse atrás do sucesso. O bubblegum se tornou o estilo musical preferido dos roteiristas de séries e animações. Foi assim que apareceram artistas como The Patridge Famile (A Família Dó-Ré-Mi) e The Archies, que cantavam "Sugar, Sugar".





A Hannah Barbera foi uma das que mais especializou em fazer bubblegum. Foi dali que nasceram Banana Splits e Josie and The Pussycats.





É isso aí amigos, o mundo não mudou tanto assim...

Declínio
O bubblegum sobreviveu nos anos 70 e até inspirou artistas de glam rock como Sweet.



São também dessa época artistas como The DeFranco Family e os próprios Jackson 5.



Mas foi a psicodelia de artistas como The Who, inspirada em partes pelo bubblegum, que realmente chegou pra ficar.



Com isso, o bubblegum tal como se conhecia nunca mais teve o mesmo impacto. A TV parou de apostar no estilo com a mesma força, os artistas do gênero já não vendiam tanto, o impacto do estilo diminuiu. Os anos 70 anunciavam experiências musicais que iam de Jimi Hendrix ao punk. Estilos mais produzidos, como o bubblegum, perdiam força. Aquela música chiclete estava condenada ao desaparecimento!

Ou será que não?

O renascimento
Em uma prova concreta de que na cultura pop nada se perde, o bubblegum voltou com tudo nos 80, onde adquiriu as características que possui hoje. Vários fatores contribuíram para isso, como o nascimento de estilos como o electro-pop (ver última aula).

A mistura de electro-pop com bubblegum seria explosiva! Permitiu ao estilo se reinventar e assumir as características que tem hoje. Mas como o bubblegum é um estilo que depende muito da imagem, e consequentemente da TV, ainda ficou faltando um passo para o estilo voltar com força total. E esse passo foi dado no sábado, dia 1º de agosto de 1981.



Seria impossível pensar em música pop hoje sem a MTV. Ao dar uma cara para a música que as pessoas ouviam, ela permitiu o surgimento de uma indústria musical preocupada tanto com a imagem quanto com o som do artista. A MTV era tão importante para indústria musical quanto um disco. O videoclipe foi uma peça-chave para o nascimento de uma nova música comercial, uma em que Madonna e Michael Jackson poderiam reinar por um longo período.

Some-se a isso as positivas experiências de estilos como o new wave e temos um cenário perfeito para moldar um novo bubblegum. Um bubblegum para garotas adolescentes de classe média.

Girls just wanna have fun
Foi a rainha do pop Madonna a primeira a caprichar nas referências ao bubblegum. Seu primeiro álbum, homônimo, fundiu o estilo com música eletrônica e acrescentou uma pegada mais dançante. Um bubblegum com pegadas de Human League e Tina Turner. O resultado foi a consolidação da primeira variante oitentista do bubblegum, o dance-pop.



Quem saberia dizer por que a Madonna é a rainha do pop? Ela a mais bonita das cantoras pop? A mais talentosa? A que canta melhor? A que dança melhor? A que atua melhor?

Claro que não! Mas ela desenvolveu algo que nenhuma cantora pop conseguiu ao longo dos últimos 30 anos: ela é totalmente mutante! Ela consegue sempre mudar para seguir na crista da onda e por isso não sai de moda.

Desde essa época não faltaram cantoras pop que buscavam se apresentar como "nova Madonna": Paula Abdul, Kylie Minogue, Gewn Stefani, Lady Gaga,.. Até agora todas ficaram só na promessa. Mas junto com Madonna apareceu outra competidora, Cyndi Lauper. O nicho aberto por Madonna atingiu um público feminino bastante jovem. Foi a ele que Cyndi passou a se dirigir cantando sobre garotas que só queriam se divertir.



Cyndi é reconhecida como a "adversária" mais difícil que Madonna já enfrentou, até por aparecer na mesma época. Só que mais do que isso, o sucesso de Cyndi complementou e aprofundou a tendência das músicas feitas para meninas adolescentes que se tornou regra no bubblegum a partir daí. Pense no seguinte: sabe a Demi Lovato? Então, ela não existiria sem a Cyndi Lauper assim como a Britney não existiria sem a Madonna. O mundo... Vocês já sabem.

Ainda na década de 80, o bubblegum conheceu artistas como Kylie Minogue e Debbie Gibson, que seguiram com maestria os ensinamentos de Madonna e Cyndi Lauper.je.





Foi um momento de enorme proliferação de cantoras pop, mas esse momento acabou nos anos 90. Madonna foi até o trip hop e foi ao dance com "Ray Of Light", Paula Abdul apareceu em caminho parecido, Cyndi Lauper sumiu, bem como outras cantoras oitentistas. Grunge, electro-pop e hip hop dominavam o mercado. Mais uma vez, a música chiclete estava condenada ao desaparecimento! Ninguém mais iria fazer hits de bubblegum outra vez.

Ops, eles fizeram de novo!

A nova geração pop
Apresento-lhes o teen pop, mais avançada variante de bubblegum pop da história! Segunda metade dos anos 80. É o tempo das boy bands, das Spice Girls, das princesas pop, de Sandy & Junior... Influenciados por Madonna e pelo R&B, o pop dos anos 90 foi dominado pelo bubblegum.

Tudo começou com o sucesso dos Backstreet Boys e das Spice Girls, já em meados dos anos 90. Mais uma vez estava lá a explosiva combinação de melodias marcantes, apelo visual e enorme influência entre as meninas adolescentes.





A revolução iniciada nos anos 80 encontrou a evolução do electro-pop e das máquinas de fazer música. Backstreet Boys e Spice Girls são fruto dessa evolução (sim, evolução). Os dois grupos ajudaram a moldar o cenário pop depois do grunge e não só ressuscitaram o bubblegum como indicaram o caminho pelo qual o estilo seguiria nos anos seguintes.

O sucesso dos Backstreet Boys fez surgir uma geração de boy bands com o N'sync, de Justin Timberlake.



Tempos depois, é a vez da nova geração de cantoras pop. É a hora de Christina Aguilera, de Jessica Simpson, do retorno de Kylie Minogue,.. A geração de ouro do pop "comercial" que também pegou por aqui com nossa princesa sumida Kelly Key.









E não podemos nos esquecer dela, a rainha das princesas pop, aquela que permitiu o surgimento e sucesso de todas. Inspirada no dance pop oitentista de Madonna (em quem ela deu um beijaço certo VMA) e Cyndi Lauper, trazendo para o estilo uma boa pitada de pose e sem cantar nenhuma música própria sem Auto-Tune. Lá estava ela, Britney Spears.



Britney foi a vanguarda do pop em meados dos anos 90, influenciando muito do que se fez depois. A febre adolescente que ficou sexy, que ficou problemática, que ficou sem calcinha e continua até hoje com uma enorme quantidade de fãs.











A geração do final dos anos 90 se arrastou nos anos 2000 com nomes como Ashlee Simpson e Gwen Stefani, vocalista do No Doubt.





Mas não tardou para acontecer o efeito bumerangue do bubblegum. Lembra quando a gente viu lá atrás que a TV se aproveitou imensamente do bubblegum quando ele era uma novidade lá em meados dos anos 60? E que a Hannah Barbera foi uma das que mais se especializou em produzir artistas de bubblegum? Pois é, o mundo... não mudou tanto assim.

As estrelas Disney
Até meados da década de 2000, os canais infanto-juvenis eram fortemente influenciados pelo excelente Cartoon Network e sua fórmula de reviver o pastelão dos tempos dos Looney Tunes em versões bem modernas, como O Laboratório de Dexter, Johnny Bravo, etc. A Nickelodeon trouxe a fórmula para o terreno dos live actions com Kenan & Kel e deu muito certo!

O Disney Channel, lançado nos EUA na década de 80 e ferrenho rival da Nickelodeon, da Viacom, não teve outra alternativa a não ser se adaptar. Pode-se dizer as animações dos tempos do Disney Club, todas elas exibidas no Disney Channel antes dele chegar no Brasil, tinham muito desse método. E assim foi com as produções que vieram depois, mais especificamente até 2006.

Não que a Disney não tenha tentado emplacar sua Lizzie McGuire, série que nos revelou Hilary Duff, ou que a Nickelodeon não tenha respondido com Zoey 101, com a irmão de Britney Spears, Jamie Lynn Spears.



Mas foi só a partir de 2006, com o estrondoso sucesso de um telefilme musical do Disney Channel chamado "High School Musical", que percebeu-se que havia demanda para o bubblegum feito a partir da TV quatro décadas após a Hannah Barbera lançar suas experiências nesse sentido.



Com uma diferença absolutamente injusta em comparação com o estúdio que nos deu Os Flintstones e a turma do Scooby Doo: a Disney é um poderoso e estrondoso conglomerado de mídia que possui canais de TV, emissoras de rádio, estúdios para produzir filmes e séries e um grupo de gravadoras. Toda a estrutura necessária para se produzir, promover e lucrar com um artista está em poder da empresa. Assustador!

Após o sucesso da trilogia HSM, a Disney lançou hit atrás de hit. "Hannah Montana" nos apresentou Miley Cyrus, maior nome do pop no momento atual; o filme "Camp Rock" nos apresentou Demi Lovato, que depois protagonizou a série "Sunny Entre Estrelas"; o grupo Jonas Brothers, que já se estabeleceu antes dessa era, teve uma boa ajuda do mesmo "Camp Rock" para virar hit em 2008; Selena Gomez já protagonizou "Os Feiticeiros de Waverly Place"; e não podemos nos esquecer dos artistas que saíram do próprio HSM, como Ashley Tisdale e Vanessa Hudgens.

O novo bubblegum nasceu inspirado em Britney Spears, foi buscar influências em Avril Lavigne e seu "punk pop" e se estabilizou com a ajuda dos canais infanto-juvenis dos EUA.

















Os primeiros artistas da Disney são os principais, mas eles seguem com suas apostas altas em "Jessie", que tem projetado Debby Ryan, e "Violetta", primeira produção teen da Disney feita na e para a América Latina. A Nickelodeon, do mesmo grupo da MTV (conglomerados de mídia + marketing), também deu uma enorme contribuição, revelando artistas como Victoria Justice, protagonista de "Victorious", e Big Time Rush, da série homônima com que a Nick e a Sony Music pretendiam emplacar sua própria boy band.







Simultaneamente à consolidação da geração Disney, Justin Bieber apareceu para o mundo.



Os anos 2010 começam com Miley no topo das estrelas Disney, Justin como um dos maiores artistas do momento e Katy Perry caprichando nas referências bubblegum em "Teenage Dream".



É esse contexto que, finalmente, consolida-se a existência do bubblegum como estilo musical.

O que tem pra hoje?
Como foi dito no começo desta aula, a proliferação de artistas de bubblegum deram ao gênero musical um status de coisa moderna, mas, como vimos na aula, o bubblegum nasceu em meados dos anos 60, morreu uma vez, voltou, esfriou, voltou, deu uma estagnada e agora é mais uma vez um dos estilos predominantes nas rádios top 40. Nós definitivamente estamos sempre, sempre e sempre voltando para o bubblegum.

Pra hoje nós temos One Direction, consolidando o retorno triunfal das boy bands ao topo junto com 5 Seconds of Summer. Temos também Carly Rae Jepsen, que estourou com "Call Me Maybe", e Taylor Swift com sua transformação radical em pop star. Miley Cyrus deu uma puxada pro R&B, mas Demi Lovato chegou ao topo das paradas com os singles de seus álbuns "Unbroken" e "Demi".











Esfriando, esquentando, esfriando de novo, esquentando mais uma vez. O bubblegum é definitivamente um estilo de momento. Um estilo que vicia molecada que nem chiclete.

***
Uau, foram sete meses que separaram as duas aulas desta escola! Mas não se preocupem caros colegas, pois dentro em breve teremos uma aula toda voltada para os videoclipes. Não deixem de usar a caixa de comentários do blog ou do Facebook para dúvidas e sugestões. Para ouvir no recreio, "Call Me Maybe".

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Só faltou eu pra falar do fracasso na copa






Meus amigos fãs do Um Pouco do Nosso, eu sei que tá chato ficar falando de copa, mas tá tanta gente na mídia dando pitacos, esdrúxulos por sinal, que eu fiquei com vontade de falar. Mas eu já deixo avisado, de antemão, que eu vou falar de FUTEBOL (se eu citar algo de mídia ou da politicagem podre da CBF e da FIFA, é porque influiu no futebol).
O fracasso, do FUTEBOL, da seleção na Copa do Mundo deste ano foi devido a vários fatores, desde o fim de 2010 até a semifinal contra a Alemanha. A badalação da mídia, o excesso de intrometimento de cartolas no jogo do futebol, a falta de atualização de nossos técnicos no futebol, a falta de preparação para o campeonato etc.
Em 2010 ainda, eu defendia que a CBF entrasse com um pedido à CONMEBOL para disputar as eliminatórias como um convidado. Eu não sei se pode, mas já que a eliminatória sul-americana só ia ficar com nove times, um time sempre iria folgar em cada rodada. Talvez se a CBF entrasse com o pedido, acho que teria uma boa chance de ser aceito. Digo porque seria uma boa preparação, já que iriam pegar times querendo alguma coisa.
Acho que você concorda que seria uma preparação muito melhor do que pegar amistosos ao leo. Times como Gabão, Egito, China, Iraque, Romênia, Zâmbia e Panamá, com todo o respeito que esses times merecem, mas não dá para pegar diretrizes para uma Copa do Mundo com jogos como esses.
Você pode me perguntar: " E a Copa América e a Copa das Confederações? Não valem?" Vendo bem, não. Os times mudaram até a Copa do Mundo. Sobre os times que o Brasil enfrentou nesses campeonatos, a Argentina mudou, o México mudou, o Uruguai mudou. Até a Austrália, que o Brasil pegou num desses amistosos, mudou. Deu mais trabalho pra Holanda do que o Brasil. O humorista Daniel Furlan, do canal do YouTube "TV Quase", fez uma piada que resume o que eu quero dizer: "A Copa das Confederações é a Taça Guanabara do mundo."



Outra coisa que eu achei errada foi a substituição repentina do Mano Menezes pelo Felipão. Foi fruto de uma intromissão da mídia. José Trajano, comentarista da ESPN, reclamou no programa Bate-Bola, dia 12/07, que reclamam da mídia mas não dão "nome aos bois", não dizem quem são os responsáveis. Pois se o sr. Trajano ler isso alguma vez, eu respondo, não são alguns bois que fazem isso, é o gado inteiro. Todos, sem exceção, pediram a saída do Mano para a entrada do Felipão, a Globo e seu cachorrinho (SporTV), a ESPN, a Band etc, logo que viram uma melhora do Felipão no Palmeiras. E fizeram isso justo quando o Mano estava achando o time.



Essa substituição repentina também se deve à uma cultura dos torcedores brasileiros de querer resultados imediatos. Voltando à mídia, todo mundo fala que isso deve acabar, citam a tal "continuidade", mas, quando a seleção começa a perder, o discurso muda. Você também, Trajano.
Indo pra filosofia, meu irmão fez uma pergunta interessante: "O brasileiro gosta de esporte?" Quando o Senna detonava nas pistas, todo mundo assistia Formula 1. Quando o Guga detonava nas quadras, todo mundo assistia tênis. Quando a Daiane dos Santos detonava no solo, todo mundo assistia ginástica olímpica. Depois que isso parou, todo mundo parou de assistir.
E a cartolagem? Do mesmo jeito que existem jabás para tocarem as músicas nas rádios (a gravadora paga para a rádio tocar determinado artista ou música por um determinado período), eu não tenho nenhuma dúvida que existe coisa parecida no futebol, ainda mais com essas pessoas no comando da CBF. Eu duvido que o Felipão, se tivesse total liberdade, levaria jogadores como Daniel Alves, Marcelo e Fred. Não acho que eles são jogadores do tipo que o Felipão gosta. É só comparar a seleção que o próprio Felipão dirigiu em 2002 e a de agora, lá ele tinha Cafú, Roberto Carlos e Rivaldo nas respectivas posições. É muito suspeitável uma troca de filosofia na escalação de uma copa à outra. Sem falar que foram escalados jogadores que faziam temporadas regulares ou ruins em seus times. Oscar, Dante, Marcelo, Paulinho, Júlio Cesar, Hulk entre outros. Não é só teimosia ou burrice, tem algo mais.

Dessa lista, eu aposto que ele não convocaria o Daniel Alves, o Marcelo e o Fred. E você?


Já chegando na Copa, a falta de treinamentos e a falta de atualização da comissão técnica também foram responsáveis por isso. Desde quando o Corinthians ganhou o Campeonato Brasileiro em 2011 com o técnico Tite, a escola gaúcha de treinadores ganhou o Brasil. Nos primeiros 15 minutos, corre desesperadamente pra fazer um gol. Fez um gol? Volta todo mundo pra defesa! Não fez? Fica só tocando a bola no meio campo até aparecer uma brecha. Essa rendição à escola gaúcha fez com que os técnicos brasileiros ficassem com apenas essa filosofia de jogo. E isso se refletiu na seleção. Falta de variações táticas, falta de jogadas ensaiadas, falta daquela carta na manga que treinadores devem ter para mudar um jogo, Sem falar de colocar jogadores em funções que eles não são acostumados.

A falta de treinos se deve a uma falha da comissão técnica e a uma chatice dela, a mídia. Todos os treinos da seleção eram praticamente obrigados a ser abertos. A Granja Comary é rodeada de vários condomínios onde pessoas podem ver tudo o que se passa no treino no conforto de suas casas. Sem falar de artistas e apresentadores querendo audiência. Quem não se lembra do dia que o Luciano Huck invadiu o campo de treino pra gravação do programa? Sacanagem, né?

Luciano Huck, papagaio de pirata e apresentador nas horas vagas.


Muito se falou nessa copa que a seleção tinha um desequilíbrio emocional, principalmente no jogo contra o Chile, onde jogadores como o Thiago Silva e o Júlio Cesar choraram quando a disputa foi para os pênaltis. Até chamaram uma psicóloga. Também se deve à falta de preparação, pegaram jogadores sem experiência em copas, deram alguns jogos amistosos pra eles e, vai lá! Tragam o hexa! O pessoal tá reclamando da choradeira, mas não perceberam a afobação de alguns jogadores durante os jogos. Parecia que a bola queimava em seus pés.

Regina Brandão, a psicóloga da seleção que tentou remediar
o que não foi prevenido.


No jogo contra a Alemanha foi um misturado de tudo o que foi dito acima fazendo efeito.

O que deve ser feito para ganhar o hexa? O que tentaram com o Mano Menezes, um projeto. Mas, parece que não vai, pois no dia seguinte à derrota contra a Holanda, durante a entrevista coletiva do Felipão e do Thiago Silva, um jornalista (cuja voz parecia a do Mauro Naves) fez a seguinte pergunta para ambos: "Vocês acham que deve ser usada a seleção olímpica nessa Copa América visando as Olimpíadas?"
Nem se sabia ainda o futuro do Felipão na seleção e já fizeram uma pergunta dessas? Querem ganhar a copa? Que tal um planejamento? Uma "continuidade"?
Vocês falam em colocar técnico estrangeiro (Guardiola, diretamente falando), mas, se tudo que foi dito acima for repetido, escrevam, vocês vão pedir a cabeça dele em 2017.

E aí, Guardiola, topa dirigir a seleção?
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sábado, 12 de julho de 2014

A Copa acabou! E aí, cadê meu estudo?




Pois é, caros amigos(?) revoltosos, a copa acabou (falo isso porque o último jogo do Brasil já foi mesmo). Vocês fizeram, ou apoiaram, os quebra-quebras, espalharam o tão imbecil #NãoVaiTerCopa no Twitter e no Facebook, torceram contra a seleção e odiaram esse homem que desmascarou e tirou seu filho de uma manifestação dos Black Blocs.
E aí, acabou a copa. Não aconteceu nenhuma das catástrofes previstas por vocês nesse período. Muita coisa foi feita errada na preparação, como os estádios em Manaus e Cuiabá, que não terão muita renda depois do evento (e não terão mesmo, a não ser que os times do Nacional-AM, Cuiabá-MT ou o Mixto-MT subam para as primeiras divisões do Brasileirão). Tanto é que existem rumores que dizem que a CBF quer mandar jogos do Brasileirão pra lá.
Agora, vocês vão começar, enfim, a cobrar as autoridades? Ou vão voltar pras suas vidinhas, na frente do Facebook, do Twitter, do Skype ou do WhatsApp? Vão aproveitar o sábado a noite pra sair com colegas e encher a cara só pra falar pro pai que são independentes ou pra incentivar outros a ter opiniões independentes (porque segundo vocês, vocês são os únicos que não são alienados)? Cadê a mulecada que queria meus hospitais, meu estudo, meus ônibus (se bem que eles queimaram muitos), meu saneamento básico, minha chuva na Cantareira?
Não vão me dizer que os "reaças" estão certos, que vocês são apenas "modinhas".
E o povinho que encheu o Facebook de mensagens políticas depois que o Brasil perdeu a copa, a copa acabou, vamos por em prática suas ideias?
To achando que isso aí foi só um frenesi mesmo, vamos esperar que as eleições criem outro. 

terça-feira, 8 de julho de 2014

Futebol e política: nada a ver



Podem dizer que eu sou alienado, petista, fanático, o que for, mas torci pelo Brasil até o momento em que o juiz apitou o final do melancólico 7x1. Algumas pessoas assistindo comigo até pararam de torcer, torceram pra Alemanha e vão torcer até o final. Eu não. Se o Brasil não podia mais ganhar, torci ao menos para que não fosse tão humilhante. Me decepcionei, mas não me arrependo. Eu gosto de futebol, gosto da seleção, gosto do Corinthians e torço. Agora, torço pro Brasil melhorar muito visando a Copa de 2018. Talvez 2022...

Sou muito agradecido pelo empenho dos jogadores, mas concordo com Paulo Henrique Amorim quando diz que é hora de uma "limpeza geral" na seleção. Tirar o Felipão? Só isso não adianta. Marin tem que cair fora, a cartolagem unida tem que cair fora, os privilégios da Globo, que monopoliza o esporte da transmissão ao direito de entrar no meio do treino quando quiser, tem que acabar. É preciso pensar o esporte daqui a 10, 20 anos, criar base, formar atletas, trabalhar as seleções de base de forma mais séria. Quem vive de passado é museu e o "melhor futebol do mundo" não pode viver de se vangloriar do pentacampeonato.

Agora a seleção caiu fora. Paciência. 2018 tem mais. 2022 também. 2026, se a Terra estiver viva até lá, é muito provável que tenha também. O Brasil vai ter muito mais chances de ganhar a Copa do Mundo e eu vou continuar torcendo, mesmo nos momentos difíceis - cláusula pétrea do contrato de adoção a um clube ou seleção para torcer.

Isso basta para inquietar. Muita gente torceu pro Brasil perder. Porque achou que a Dilma comprou a Copa. Porque temeu que o PT usasse a Copa na eleição (isso vai acontecer com certeza, teve até gringo falando que foi mais bem organizada que as Olimpíadas de Londres). Porque achava a seleção "alienante". Quis que esse pessoal calasse a boca e isso me fez torcer ainda mais. Perdi no jogo, mas não perdi as esperanças, já que "uma vela acesa pode acender mil velas apagadas" e "a voz do intelecto não descansa enquanto não consegue uma audiência".

Teve também os petistas que torceram pelo Brasil por causa da Dilma. Não quis que eles calassem a boca porque torci pelo Brasil também, mas não concordo. A seleção é uma coisa, a Dilma é outra. A derrota do Brasil não foi uma derrota política da Dilma, ela tem outras vantagens nesse jogo. Torcer contra ou a favor do Brasil por causa dela é que é alienante.

Gostar de futebol e da seleção não faz de mim um idiota. Eu sei o que tem de ruim (e de bom, tem coisas boas aqui) no Brasil, nunca me esqueço de que 2014 é ano de eleições gerais. E sim, estou prestando atenção nos candidatos e no que eles fazem. Mas isso não me impede de gostar de futebol e de ver a Copa do Mundo. E mesmo que eu vote no Aécio (hipoteticamente falando), isso não me impede de torcer pela seleção brasileira.

Vocês me desculpem, mas se pela causa social eu devo parar de ver futebol, vou trair essa causa muitas e muitas vezes. A zoeira com a goleada é totalmente válida, mas por favor, não me venham com coisas de Dilma, PT, escolas e hospitais porque isso não tem nada a ver.

Porque jogar todos que torceram pela seleção, como eu, no mesmo saco é uma grande e revoltante... alienação.